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Maria, a menina do SIM

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  Imagem: Pixabay O Advento chega trazendo as surpresas de um novo ano litúrgico, um novo começo que nos reapresenta antigas imagens revestidas da sede de hoje. Dentre seus ícones mais preciosos, encontramos Maria de Nazaré, a escolhida Mãe, a menina do sim, a servidora desinstalada. Somos convidados a nos deixar iluminar por sua humanidade divinizada, que está sempre “de pé”, em prontidão às surpresas de Deus.   Uma antífona da festa da Imaculada Conceição assim canta: Ave, Rosa, tão bela e pura, Sempre aberta à graça de Deus; ave, Esposa fiel e bendita, Ornada de joias douradas; Alegraste teu Deus, mais que os anjos.   A Igreja aclama Maria como rosa bela e pura . Estas atribuições indicam o mistério de sua concepção preservada do pecado das origens, aquela gota de veneno tão humana que nos faz querer ser deuses, viver para si, fechar-nos à vocação da verdadeira vida. A pureza é bela não quando é meramente externa, superficial ou autoimposta, mas sim quand...

Celebrar os 50 anos do Encontro de Santarém

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  Bispos da Amazônia Brasileira reunidos em Santarém em 1972 Dos dias 24 a 30 de maio, o IV Encontro Pastoral da Amazônia (1972), em Santarém-PA, completará 50 anos. A ocasião será celebrada no IV Encontro da Igreja Católica na Amazônia Legal, a ser realizado dos dias 06 a 09 de junho, também em Santarém. O contexto celebrativo une este evento à comemoração dos 60 anos de abertura do Concílio Vaticano II (1962), dos 70 anos da CNBB (1952) e dos 15 anos da Conferência de Aparecida (2007), todas expressões da colegialidade episcopal e da sinodalidade. Mas por que o Encontro de Santarém (1972) foi assim tão importante que mereça tal celebração? Este encontro foi um marco na história da Igreja nesta bioregião , pois à luz do Concílio Vaticano II (1962-1965) e da Conferência de Medellín (1968), definiu “ Linhas Prioritárias da Pastoral na Amazônia”. De forma assertiva podemos dizer que se Medellín marcou a recepção do Vaticano II na Amárica-Latina, e foi isso mesmo, o Encontro de Santar...

Os Estatutos do Homem - Thiago de Mello

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Thiago de Mello em Manaus OS ESTATUTOS DO HOMEM (Ato Institucional Permanente)   Artigo I Fica decretado que agora vale a verdade. agora vale a vida, e de mãos dadas, marcharemos todos pela vida verdadeira.   Artigo II Fica decretado que todos os dias da semana, inclusive as terças-feiras mais cinzentas, têm direito a converter-se em manhãs de domingo. Artigo III Fica decretado que, a partir deste instante, haverá girassóis em todas as janelas, que os girassóis terão direito a abrir-se dentro da sombra; e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro, abertas para o verde onde cresce a esperança. Artigo IV Fica decretado que o homem não precisará nunca mais duvidar do homem. Que o homem confiará no homem como a palmeira confia no vento, como o vento confia no ar, como o ar confia no campo azul do céu. Parágrafo único: O homem, confiará no homem como um menino confia em outro menino. Artigo V Fica decretado que os homens estão livres do ju...

Passach, Páscoa, Passagem

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  Mosaico da Catedral Santa Maria Mãe de Deus - Castanhal-PA. Brasil Pessach, Páscoa, Passagem, Pensamos a pandemia como breve passagem, Mas ela nos mostrou que nós é que passamos. Nós e também aqueles que nós amamos passam. A passagem às vezes se dá no tempo esperado, Às vezes inesperado. Às vezes pega de raspão, Às vezes passa e transpassa. Por vezes é um número distante, Por vezes tem rosto e nome conhecidos, Por vezes tem sangue e amor compartilhados. Tem gente que passa e parece que não passou. Tem gente que passa levando um pedaço nosso. Tem gente que passa e nos leva por inteiro. Há aqueles que passam silenciosos e marcantes. Há aqueles que deixam pegadas de bem ao passar. Há também os que acolhem a passagem com um sorriso Há os que quando passam, não tem ninguém a quem sorrir. Passar para onde? Passar para quê? Não se trata de passar como quem vai e logo volta. Nem se trata de um passo no vazio. Passamos para Aquele que não passa. Passamos da vida a seu Autor Passamos do re...

Poema do Amanhã

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O tempo que leva os sorrisos Leva também as lágrimas Pelos tristes, eu peço: Ó Deus, dai-lhes o pão da alegria! O tempo que destrói o hoje Também constrói o amanhã Por isso, pelos destópicos peço: Ó Deus, dai-lhes o pão do sonho! O tempo que desespera Ensina também a esperar Pelos que se enfadam, eu peço: Ó Deus, dai-lhes o pão da esperança! O tempo que planta a guerra Também a arranca pela raiz Então, pelos que odeiam, eu peço: Ó Deus, dai-lhes o pão da paz! O tempo que traz o luto Também revela o que é viver Pelos que já não amam peço: Ó Deus, dai-lhes o pão da vida! - Victor Paiva

Pensando a Ação Evangelizadora no Pós-Pandemia

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Imagem: Pixabay O Papa Francisco, na benção Urbi et Orbi especial do dia 27 de março na Praça São Pedro, escolheu o texto evangélico de Mc 4,35-41 para nos dizer que vivemos um tempo de travessia tempestuosa. Esta travessia não terminou; continuamos a rumar em direção à outra margem, totalmente desconhecida. Ainda assim, em várias de suas falas nestes meses, o Papa nos convida já a pensar nesta outra margem, no pós-pandemia. Vivemos um tempo-ponte, não um tempo-pausa. O futuro está presente à medida que se percebe que sua construção se dá no hoje [1]. É preciso, portanto – como nos convida o Cardeal Tolentino Mendonça – ouvir este futuro já agora; abrir-se às suas perguntas e pró-vocações, pois na vivência deste tempo-kronos (que nos devora), podemos experimentar também um tempo-kairós, que nos chama à conversão integral e nos dá nova vida [2]. A pandemia não traz muitas novidades, mas faz emergir o que dantes não se via (ou não se queria ver). Todas as chagas humanas, sociais, ambi...

A Espiritualidade do Tempo Comum

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Primeiros Passos - Vincent Van Gogh Retomamos nestes dias a celebração do Ciclo Comum na Liturgia. São 33 ou 34 semanas – que preenchem boa parte do Ano Litúrgico – articuladas em dois momentos: o primeiro e mais breve, entre os ciclos do Natal e Páscoa; o segundo após a Solenidade de Pentecostes até o Advento. Mas o que este Tempo comunica à nossa vida cristã? Pode algo comum acrescentar à espiritualidade? Tempo de libertação O Tempo Comum é tempo de libertar o tempo . O Cardeal português, José Tolentino Mendonça, afirma que em nossos dias “tudo transita num galope ruidoso, veemente e efêmero. Na verdade, a velocidade com que vivemos impede-nos de viver”. Permanece aí questão: “Como viver no tempo sem ser tragado por sua rotina rápida e pesada em uma sociedade que não pode ‘perder tempo’ e que oferece produtos sempre renovados e sempre mais eficientes?”. É preciso fazer deste tempo um tempo de libertação. Libertar o tempo, segundo o Cardeal, “é a atitude de descobrir o essencia...

Pe. Bruno Sechi – Por uma sociedade que transforme

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Pe. Bruno Sechi Em tempos onde os Direitos Humanos são relativizados para legitimar ideologias políticas extremistas e o sofrimento das pessoas é a principal manchete de ontem, hoje e amanhã, a partida de Pe. Bruno Sechi causa ainda maior dor. Conhecido por seus trabalhos sociais na periferia de Belém, Pe. Bruno faleceu na noite desta sexta-feira (29). O sacerdote foi encontrado desacordado em sua residência e socorrido por amigos próximos. O padre ainda foi levado a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), mas não resistiu e veio a óbito. Há dias se recuperava da covid-19. Pe. Bruno Sechi tinha 80 anos e atuou em várias paróquias da Arquidiocese de Belém, primeiro como sacerdote salesiano, depois incardinado nesta Igreja Local. Atualmente era pároco na Paróquia São João Paulo II, no bairro do Curió-Utinga e Coordenador da Comissão Arquidiocesana de Justiça e Paz. Fazer memória da missão deste padre santo e dar a conhecer sua obra e forma de viver a fé  é uma necessidade eclesial e...

Pe. Pedro Bodei - Dom de fé para o Brasil

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Bendito seja Deus pelos santos ao pé da porta! Hoje um destes santos completa a sua Páscoa! Don Pierino, conhecido no Brasil como Pe. Pedro, falecido no dia 27 de maio, vítima do COVID19. Homem de Deus, da Igreja e do povo, foi testemunha eloquente do Reino nestas terras amazônicas, lugar que amou e que agora acolhe seu corpo em repouso. De olhar e presença serenos, Pe. Pedro foi apaixonado pela missão e pelo serviço aos pobres. Mesmo após chegar o tempo de sua aposentadoria, escolheu ficar e amar até o fim.  Relato do Pe. Pedro Bodei sobre seus anos de missão no Brasil. Fonte: site da  Diocese de Brescia. A MISSÃO DE DON PIERINO Estou completando quase quarenta anos de vida missionária no Brasil, com um intervalo de dez anos em que servi a paróquia de Marone. Eu experimentei o primeiro período na diocese de Araçuaí (Minas Gerais) junto com outros amigos, principalmente com Don Felice Bontempi e Don Giuseppe Ghitti. Nas paróquias de Medina e Comercinho. O caráter decisivo...